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terça-feira, 31 de julho de 2012

O QUE ALGUÉM DISSE!





"Eleva-te num vôo espiritual,
Esquece o teu amor, ri do teu mal,
Olhando-te a ti própria com desdém.
Só é grande e perfeito o que nos vem
Do que em nós é Divino e imortal!

Cega de luz e tonta de ideal
Busca em ti a Verdade e em mais ninguém!"
No poente doirado como a chama

Estas palavras morrem... E n'Aquele
Que é triste, como eu, fico a pensar...
O poente tem alma: sente e ama!
E, porque o sol é cor dos olhos d'Ele,
Eu fico olhando o sol, a soluçar...


Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

quarta-feira, 18 de julho de 2012

POESIA NO METRÔ.....O GUARDIÃO DE REBANHOS

Como sempre aqui em São Paulo para poder chegar mais rápdio em meu destino e fugir da loucura do trânsito eu sempre ando de metrô. E cada um com seu charme decorativo, seja esculturas das épocas festivas, ou algum artista, todos lindos e com muita história, mas confesso que o meu preferido são as poesias pintadas nas paredes. E sempre com muita pressa nunca tinha parado para ler todas. Mas hoje eu só não li, como também fotografei.

  O GUARDIÃO DE REBANHOS
 

O MISTÉRIO das cousas,onde está ele?
Onde está ele que  não aparece
Pelo menos a mostrar- nos o que é mistério?
Que sabe o rio desce e que sabe a árvore?
E eu que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempe que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como uma regato que soa fresco numa pedra.
Porque o unico sentido das cousas
È elas não terem sentido oculto nenhum,
È mais estranho do que todas as estranhezas,
E do que os sonhos de todos os POETAS,
E o pensamento de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
As cousas não tem significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.

FERNANDO PESSOA (Alberto Caeiro)
 Poeta Português   (1888- 1935.)